Maria

domingo, 27 de abril de 2008

Estou aqui

Estou aqui
Mas não Te vejo,
Não Te sinto,

Não sei de Ti.

Onde é que Te meteste?

Simplesmente despareceste.
Chamo-Te, procuro-Te.
Nada. Silêncio.
Chega a passar-me pela cabeça que me abandonaste...

Mas então olho em frente.
Ah, finalmente!
Aí estás Tu!
Desconfio que sempre aí estiveste
Desconfio, até, que durante todo este tempo me observaste
E esperaste, até que mostrasse querer-Te realmente,
Até que Te amasse verdadeiramente,
Até que fosse Tua... totalmente.

Santiago!!

Meus queridos!
Aquilo que aqui escrevo hoje é um artigo que me pediram para escrever sobre a peregrina de Santiago. Sim, eu sei que já passou um mês e que agora não vem a propósito de absolutamente nada, mas não interessa, apeteceu-me.

"Começar… É sempre essa a parte mais difícil. Como escrever a primeira palavra, como dar o primeiro passo? Porque o primeiro passo é sempre aquele que exige mais esforço, mais coragem, mais vontade. Os seguintes, como as palavras, acabam por vir atrás, um depois do outro, já nem damos por eles. Mas o primeiro… O primeiro é diferente, o primeiro implica querer o caminho, implica estar disposto a levá-lo até ao fim, com todas as suas descidas e subidas de tirar o fôlego, com todas as suas curvas e obstáculos, com tudo aquilo que, à medida que os passos se repetem e avançamos nesse caminho, nos vai desgastando.

Mas não basta simplesmente dar esse passo para garantir o sucesso do caminho! Esse passo é indispensável, claro, mas precisamos de muito mais do que apenas isso para fazer esta caminhada, esta peregrinação que é a vida. Precisamos, por exemplo, de saber o que levar connosco, porque, queiramos ou não, levamos sempre alguma “bagagem”. Há que saber distinguir o essencial do acessório, o realmente necessário e útil daquilo que apenas pesa e nos dificulta o caminho. Quantas vezes não damos por nós cheios de tanta coisa do mundo, às vezes até orgulhosos porque temos uma “mochila” super artilhada com tudo e mais alguma coisa, mas por dentro estamos cansados, doridos, pesados? Precisamente porque levamos tudo menos o essencial, menos aquilo que nos faz verdadeiramente felizes: a fé, o amor a Cristo, aos outros e a nós próprios! Nada mais é necessário! E se tivermos a capacidade de ser simples assim e levar apenas isto (e já é tanto!), se deixarmos para trás orgulhos, preconceitos, materialismos, preguiças, etc., veremos a nossa caminhada tão facilitada, tão mais leve, tão mais feliz! Porquê complicar mais um caminho que já tem as suas próprias dificuldades?


Agora falando do tema sobre o qual de facto me pediram para falar: a peregrinação das equipas de Portugal e de Espanha a Santiago de Compostela! Mas, na verdade, também é desta peregrinação que eu tenho estado a falar, porque, pelo menos para mim, “O Essencial” foi o tema base de toda a peregrinação: ajudou-me a perceber o que é que é de facto indispensável à minha vida. E mais! Foi super evidente que nunca, em momento algum, eu estou sozinha. Não só porque o Pai nunca me deixa, mas também pelos pequenos anjos que Ele vai pondo no meu caminho.
Olha à volta. Olha mesmo bem para a tua vida e diz-me se, quando tiveste frio, não houve alguém que pôs o braço à tua volta para se aquecerem juntos? Quando estavas cansado, não houve alguém que te deu a mão e te ajudou a continuar? Quando teimaste em ficar meio adormecido no quentinho do saco-cama, não houve alguém que te obrigou a acordar e a sair para o mundo frio (sim, por muito que não pareça, esse também te fez um favor!)? Quando alguma coisa te deixou marcas, bolhas, não houve alguém que tas tratou? É só preciso estar atento, Deus deixa-nos pequenos anjos em cada curva.

Esta peregrinação foi também marcada por um aperceber de que pouca é a diferença entre portugueses e espanhóis. Éramos 13 portugueses entre 36 espanhóis e a única leve barreira que se poderia eventualmente sentir era a língua, mas mesmo a isso se dava a volta. Temos a mesma fé, o mesmo amor pela Cruz, a mesma devoção a Maria, o mesmo objectivo de chegar à santidade, a mesma paixão por este movimento. Qual é a dúvida?! Somos iguais! Somos irmãos em Cristo, e não há ligação mais forte que essa. Para finalizar, quero agradecer à Marta Corrêa d’Oliveira, à Ana Costa Guerra, à Sofía Rubio, ao Manel Anjos, à Maria Cunha Ferreira, ao Carlitos Fusté, à Marciala Mateos e à Inés Domecq por tudo o que trabalharam para levar esta peregrinação para a frente. Meus queridos, muito, muito obrigada!!

Beijinhos,
Maria Corrêa d’Oliveira"